A Federação dos Servidores Públicos do Estado do RS busca audiência junto à Casa Civil para tratar de questões relacionadas ao IPE, que se encontra praticamente paralisado. Em muitas regiões, há demora para conseguir uma consulta ou até mesmo a falta de especialistas.
O problema se estende desde o último processo eleitoral, no final do ano passado, e acentuou-se com o atraso sistemático nos repasses, que já chega a 60 dias. Além disso, desde que assumiu, em janeiro deste ano, o governo de Eduardo Leite ainda não instituiu uma diretoria para o IPE Previdência, nem para o IPE Saúde.
Para o presidente da federação, Sérgio Arnoud, toda essa situação demonstra falta de interesse por parte do Estado. "Porque deseja encaminhar o IPE para a privatização, ou seja, torná-lo ineficiente, paralisá-lo e depois alegar que ele não funciona e então encaminhá-lo para a iniciativa privada", disse, em entrevista ao Grupo JM.
A falta de pagamento por parte do IPE afeta diversos hospitais, em diferentes regiões do Estado, inclusive em Ijuí, onde o atendimento por meio do convênio é praticamente inexistente.
"A própria Constituição prevê que a administração [do IPE] seja paritária, ou seja, pelos servidores, que contribuem, e pelo Estado. Isso, infelizmente, não está acontecendo e intranquiliza todos os servidores que dependem da assistência médica e hospitalar para si e para suas famílias", lamenta Arnoud.
Outra preocupação da categoria é relativa à aprovação da reforma da Previdência. Para a federação, essa mudança é prejudicial aos trabalhadores, a exemplo da reforma Trabalhista. Para alertar a sociedade, na última semana, foi realizada Jornada Internacional em Defesa da Previdência, com intuito de mostrar que o sistema de capitalização adotado pelo Chile é prejudicial, uma vez que 80% das aposentadorias daquele país chegam a um salário mínimo e 44% estão abaixo da linha da pobreza.
"Estamos extremamente preocupados, porque o encaminhamento que está sendo dado é para unificar as previdências, tanto de regimes próprios, que é o caso dos servidores, como de regime geral. O governo faz uma separação proposital e não considera que a Previdência Social, na Constituição de 88, passou a ser a seguridade social, ou seja, tem uma dúzia de fontes de recursos, que o governo não divulga para a população. Vamos deixar isso bem claro, porque o governo só mostra o que arrecada do trabalhador e do patronal, mas não mostra o quanto arrecada nas loterias e em outras fontes", afirma.
Segundo o presidente, o governo estaria omitindo dos trabalhadores as demais fontes de arrecadação. "Esse leque nunca foi deficitário, senão o governo não teria como retirar, como faz, anualmente, até 30% da receita da Seguridade para cobrir outras atividades que não têm nada a ver com as aposentadorias e com as pensões. Esse é um discurso falacioso, mentiroso, para tentar convencer a população de que a Previdência é deficitária. Então, estamos nessa luta."
Por fim, Arnoud afirma que as medidas adotadas pelo governo são no intuito de tentar sufocar o movimento sindical, impedindo o esclarecimento dos trabalhadores acerca da reforma da Previdência. "Isso nós não vamos permitir. Iremos lutar até o último momento para esclarecer a sociedade e impedir que os deputados e senadores cometam esse crime contra todos os trabalhadores brasileiros", acentua. "É danosa, prejudicial e tenta retirar toda e qualquer fonte de custeio para que os sindicatos, sem dinheiro, não tenham como se opor a essas maldades. Mas, vamos continuar lutando e vamos encontrar maneiras de derrotar mais essa medida arbitrária que tenta retirar todos os recursos das organizações sindicais."